Estudo do Instituto Federal mostra que rodovias são os principais eixos de disseminação da COVID-19 em Minas Gerais
O Grupo de Estudos em Planejamento Territorial e Ambiental (GEPLAN) do IFSULDEMINAS – Campus Poços de Caldas divulgou, nesta sexta-feira, dia 17/04, o mapa da COVID-19 em Minas Gerais. O estudo mostra que os eixos rodoviários são os principais pontos de contaminação pela COVID-19 no estado. O novo coronavírus está chegando ao território mineiro por meio das rodovias que ligam Minas aos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
A análise foi coordenada pelo Prof. Dr. Sérgio Henrique de Oliveira Teixeira, e pela aluna de licenciatura em Geografia do Campus Poços de Caldas, Jaqueline Modesto Custódio, com o apoio de André Lopes de Souza (IBGE). Para a elaboração do mapa, os representantes do GEPLAN utilizaram dados do dia 15/04/2020 divulgados pelo Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COES Minas), pelo boletim diário emitido pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, pelo boletim epidemiológico emitido pelo Governo do Estado de São Paulo, além de informações da malha digital municipal do IBGE. Para conferir o estudo na íntegra, clique aqui.
A análise do mapa de casos confirmados de COVID-19 mostra que a expansão dos casos nas regiões Sul e Sudoeste de Minas Gerais se dá seguindo as linhas de conexão dos principais eixos rodoviários. Tais eixos são aqueles provenientes das cidades com maior número de casos confirmados do Estado de São Paulo. De acordo com o professor Sérgio Teixeira, o eixo de entrada pela Rodovia Fernão Dias revela-se como o maior fluxo de dispersão para o Sul de Minas, afetando os municípios fronteiriços, como pode ser observado no eixo de contaminação que atinge Extrema/MG, Toledo/MG e Cambuí/MG; chegando a Pouso Alegre/MG, que apresenta o maior número de contaminações no Sul de Minas.
O estudo aponta também que outro eixo relevante de contaminação proveniente do interior paulista está relacionado à BR 153, que liga o estado de São Paulo ao triângulo mineiro. O mapa indica que há grande concentração de casos nessa região de Minas Gerais, sobretudo nas cidades de Uberlândia/MG e Uberaba/MG. Esse eixo de entrada recebe fluxos de cidades com grande contingente de contaminação do interior paulista, tais como são as cidades de Ribeirão Preto/SP e São José do Rio Preto/SP.
Entre os maiores eixos de contaminação mostrados pelo estudo do Instituto Federal, destaca-se o eixo proveniente do estado do Rio de Janeiro, que tem seus fluxos vindos da cidade do Rio de Janeiro, com 2778 casos da doença confirmados até o dia 15/04/2020. A evidência se dá através do nível de contaminação observado em Juiz de Fora/MG. A cidade recebe os fluxos do Rio de Janeiro por meio da rodovia BR 040, que também oferece a ligação para Varginha/MG, cidade que apresenta um número considerável de contaminações se comparada ao contexto regional abordado.
O professor Sérgio explica que é importante levar em consideração a possibilidade de subnotificação de dados, principalmente nas cidades pequenas e médias interioranas. “Nessas cidades, há falta de equipamentos médicos de alta complexidade que realizem os testes, assim como são cidades que têm, em geral, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita menor que as cidades centrais, o que leva, em muitos casos, pessoas contaminadas a não procurarem o sistema de saúde quando necessário, podendo até padecer antes de averiguada a positividade ou não do teste para COVID-19”, comentou o docente responsável pelo estudo.
Medidas públicas
Além de apontar a relação entre os eixos rodoviários e os casos de COVID-19 em Minas Gerais, a análise realizada pelo Grupo de Estudos em Planejamento Territorial e Ambiental (GEPLAN), do IFSULDEMINAS – Campus Poços de Caldas, sinaliza possíveis tomadas de decisões por parte do poder público.
Segundo o professor Sérgio Teixeira, um encaminhamento prático por parte do poder público estadual, diante desse diagnóstico preliminar, seria dedicar especial atenção para o controle epidemiológico nas cidades de entrada dos fluxos provenientes de São Paulo (Capital e Interior) e Rio de Janeiro. “Uma inciativa seria operacionalizar postos de medição de temperatura corporal nessas cidades e, se necessário, com posteriores encaminhamentos com níveis de prioridades para testes rápidos nesses eixos. Importante destacar que a essa análise preliminar, feita a partir da interpretação de dados municipais de contaminação por COVID-19 integrados àqueles da malha rodoviária do Sudeste, deve-se completar com a inserção das informações referentes aos eixos aeroviários, no intuito de melhor lapidar o conhecimento sobre as influências circulatórias da COVID-19 entre as cidades”, finalizou.