Nota técnica – Fase 6

Pesquisa do GEPLAN reforça que a COVID-19 tem avançado pelas cidades menores do Sul de Minas

A sexta fase das pesquisas sobre o mapeamento da COVID-19, desenvolvidas pelo Grupo de Estudos em Planejamento Territorial e Ambiental do IFSULDEMINAS (GEPLAN), divulgada nesta sexta-feira, dia 26/06, reforça que o novo coronavírus está avançando, cada vez mais, pelos municípios menores de Minas Gerais e do Sul do estado. De acordo com a nota técnica emitida pelo Grupo, mais de 76% das cidades Sul-mineiras com população de 10 e 20 mil habitantes já apresentam casos da doença. A pesquisa também alerta para a possibilidade subnotificação da COVID-19, ao mostrar um aumento expressivo dos casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs) em todo o país e no estado mineiro. No comparativo de 2019 e 2020, no Brasil, houve um aumento de 663% dos casos de SRAGs e de 1643% de óbitos em virtude dessas síndromes.

O novo estudo abrange um conjunto de 11 mapas e um 1 gráfico com os processos e análises de difusão e densidade no Sul de Minas Gerais, em Minas Gerais e em estados que fazem fronteira com Minas (Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo); 4 tabelas e 1 gráfico, demonstrando a concretização do processo de interiorização da COVID-19; e 11 infográficos e 2 quadros, que analisam as Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs) na região Sul de Minas Gerais. Para a produção desses conteúdos, o GEPLAN utilizou dados emitidos por diversos órgãos oficiais, como o Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COES Minas), a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, o Governo do Estado de São Paulo, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o Portal da Transparência de Registro Civil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Para conferir o estudo na íntegra, clique aqui.

Tabela – Evolução da porcentagem de municípios do Sul de Minas contaminados em cada classe por semana epidemiológica (%)

Interiorização da doença

Assim como aponta a pesquisa, 100% dos municípios do Sul de Minas, que apresentam população igual ou superior a 30 mil habitantes, já possuem casos de contaminação pelo novo coronavírus. As cidades com porte entre 20 e 40 mil habitantes seguem uma tendência de crescimento expressivo dos casos. Essas são seguidas por cidades com porte populacional entre 10 e 20 mil habitantes. O GEPLAN defende que a COVID-19 chegou até o Sul de Minas através, principalmente, das grandes rodovias que cortam a região, contaminando, em um primeiro momento, as cidades maiores e passando, agora, cada vez mais, para os municípios menores. É a chamada interiorização da doença. Para o Grupo, tanto nas maiores quanto nas menores cidades da região, o momento não é de flexibilização das medidas isolamento e distanciamento social, requerendo mais atenção por parte das autoridades e a adoção de medidas de combate ao vírus.

Mapa de difusão e casos da COVID-19 na Mesorregião Sul/Sudoeste de Minas Gerais (20 de março a 23 de junho)
Infográfico – Cidades com casos de COVID-19 por porte populacional da região Sul/Sudoeste de Minas Gerais.

Síndromes Respiratórias Agudas Graves

Em Minas Gerais, no comparativo entre as semanas epidemiológicas de 2019 e 2020, a porcentagem de aumento nos casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs) é de cerca de 691%. Em Poços de Caldas, o aumento foi de 450% nos casos; em Varginha, de 725%; e Pouso Alegre em torno de 1.030%. Os pesquisadores do GEPLAN comentam que esse aumento está muito ligado a casos de doenças respiratórias não especificadas, que podem ser de COVID-19.

Confira alguns dos novos mapas e infográficos da pesquisa

Conclusões da pesquisa

Com a divulgação dos dados da pesquisa, o coordenador do GEPLAN, o Prof. Dr. Sérgio Henrique de Oliveira Teixeira, salienta que o objetivo não é criar pânico na população, mas sim alertar para a necessidade de medidas de combate ao vírus. “A importância do uso da ciência para o conhecimento mais aprofundado do processo de difusão da pandemia na região não tem por finalidade o estabelecimento de uma situação de pânico coletivo. Ao contrário, visa esclarecer os fatos, antecipar cenários possíveis e viabilizar estudos concretos para a promoção de políticas públicas mais efetivas e específicas para a realidade do Sul de Minas, ajudando assim, a proteger vidas”, disse.

Tanto o processo de interiorização da COVID-19 quanto a possibilidade de subnotificação da doença já vinham sendo enfatizados em fases anteriores dos estudos. De acordo com o coordenador do GEPLAN, tais configurações agora são reforçadas e confirmadas por novos dados. “Essa constatação é importante, pois existe uma falsa sensação de que essa contaminação não alcançaria as cidades de pequeno porte, que, por sua vez, não seria necessária a adoção de medidas mais rigorosas de contingência por essas localidades. O fato confirmado pelos dados, aqui apresentados, de avanço da doença, é que essa interiorização está efetivamente em processo e está alcançando os pequenos municípios do Sul de Minas. O agravante dessa condição é a reconhecida insuficiência de estrutura hospitalar adequada para o enfrentamento do avanço de casos nesses pequenos municípios, que os tornam dependentes das cidades maiores e que, por sua vez, também já estão observando o seu limite de capacidade de atendimento”, destacou o Prof. Sérgio. Sobre o grande aumento de casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves, o coordenador afirma que pode estar relacionado a um quadro de subnotificação de ocorrências de COVID-19. “Essa subnotificação camufla a realidade dos fatos e a gravidade da situação, fragilizando possíveis políticas de mitigação e contingência. Essa situação cria um efeito colateral de potencialização do processo de interiorização, uma vez que escamoteia a gravidade do avanço e da capilaridade das contaminações”, mencionou.

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