Novo estudo do GEPLAN alerta para aumento de casos e mortes por COVID-19 e risco de colapso da saúde pública
Nova pesquisa do Grupo de Estudos em Planejamento Territorial e Ambiental do IFSULDEMINAS (GEPLAN), publicada nesta quarta-feira, dia 23/12, alerta para aumento de casos e mortes por COVID-19 e risco de colapso da saúde pública no Sul de Minas. O estudo mapeia o atual momento de crescimento da pandemia e a densidade dos casos na região, destaca a vulnerabilidade dos municípios frente à COVID-19 e analisa o número de testes feitos para a doença. Para conferir o trabalho dos pesquisadores na íntegra, clique aqui.
Levando em conta fatores gerais do comportamento da COVID-19, as condições do sistema de saúde, além de fatores geográficos que influem nas medidas de isolamento social, tais como o número de pessoas que moram em uma mesma casa, aglomerados urbanos e condições de saneamento básico da população dos municípios, a pesquisa do GEPLAN destaca a vulnerabilidade das cidades sul mineiras no enfrentamento dos efeitos da pandemia e de seu agravamento. Os resultados obtidos preocupam. Mais de 23% dos municípios da região apresentam índices altos e muito altos, enquanto 36% estão sob risco moderado. Dessa forma, a maioria das cidades apresenta situação de vulnerabilidade, com indicativos de piora da situação com o crescimento de casos.
As cidades que estão na faixa mais elevada de risco são aquelas que se encontram nos entroncamentos das rodovias, o que revela que estas ainda são os maiores meios de disseminação da doença. Os seguintes municípios apresentaram os maiores índices de vulnerabilidade para a COVID-19: São Sebastião do Paraíso; Wenceslau Braz; São Lourenço; Alfenas; Pouso Alegre; Varginha; Virgínia; Extrema; Alpinópolis; Turvolândia; Três Corações; Itanhandu; Monte Santo de Minas; Itajubá, Toledo, Três Pontas, Santa Rita do Sapucaí, Ouro Fino, Silvianópolis, Guaxupé, Caxambu e Cruzília.
Sul de Minas: aumento e risco de colapso
O estudo mostra que está em andamento um novo crescimento dos casos, o que pode se agravar diante das festas de fim de ano. Nas maiores cidades da região, Poços de Caldas e Pouso Alegre, o crescimento é acelerado no número de casos, porém o número de óbitos acompanha uma tendência diferente, mais lenta, que pode ser interpretada pelo tempo de internação, que depende da intensidade dos sintomas dos casos mais graves e a consequente evolução a óbito dias depois.
Na região Sul/Sudoeste de Minas, a média móvel de casos que vinha em queda desde a semana 38, aponta uma tendência de crescimento, puxada pela alta dos casos nas quatro últimas semanas, e principalmente pelos casos registrados na semana 49, quando a mesorregião atingiu o maior número de novos casos por semana, chegando a 2.429. Segundo o GEPLAN, este novo pico em número de casos é representativo do relaxamento das medidas de isolamento social e tem relação com o aumento de casos nas maiores cidades da região: Poços de Caldas e Pouso Alegre. Na semana 49, os óbitos voltam a subir, caracterizando uma possível retomada do crescimento. Para os responsáveis pelo estudo, é possivel que, nas próximas semanas, haja um crescimento em número de óbitos.
“O debate tem se concentrado em entender a dinâmica envolvida com as vacinas e pouco tem se falado em voltar a implementar medidas de isolamento social, que neste momento são importantes para conter o avanço do vírus e a lotação das unidades hospitalares, que como em Poços de Caldas e Pouso Alegre está em mais de 80% (leitos de UTI – 22/12/2020), de acordo com dados do Painel de Monitoramento da SES/MG. Começamos a vislumbrar uma sobrecarga dos leitos de UTI na região, que, caso não sejam feitas intervenções de bloqueios da disseminação da pandemia, pode entrar em colapso”, mencionou o coordenador do GEPLAN, o Prof. Dr. Sérgio Henrique de Oliveira Teixeira.
As rodovias e a densidade de casos
A maior densidade de casos se concentra nas cidades com maiores contingentes populacionais, como Pouso Alegre e Poços de Caldas. As cidades cortadas e margeadas por rodovias federais de alto fluxo, como a BR-381 (Fernão Dias), BR-459, BR-354 e BR-265, também têm apresentado grande expressividade em densidade de casos. Todas essas vias se caracterizam por conectarem os estados do Rio de Janeiro e São Paulo a Minas Gerais e, como observado desde o começo da pandemia, são responsáveis pela difusão do novo coronavírus no território sul mineiro. Além de Poços de Caldas e Pouso Alegre, também é possível destacar Extrema, São Sebastião do Paraíso, Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Bom Repouso e Alfenas como cidades com maior densidade de casos no Sul/Sudoeste de Minas.
Poços de Caldas e Pouso Alegre
Em relação à cidade de Poços de Caldas, a média móvel para os casos de COVID-19 aponta para uma tendência de crescimento aguda. Na última semana epidemiológica, foram registrados 227 novos casos, o que representa 9,3% dos casos da região toda neste período, demonstrando a relevância da cidade na formação da curva de casos no Sul/Sudoeste de Minas. Puxado pelos números de óbitos registrados na última semana, a média móvel para Poços de Caldas também aponta um crescimento, após passar por três semanas de estabilidade.
A média móvel para o município de Pouso Alegre apontou um crescimento dos casos até a semana 38, quando registrou 296 novos casos, maior número de casos registrados em uma semana. Após este período, a média se manteve em queda por 10 semanas. Durante a última semana epidemiológica, houve uma forte alta com o registro de 159 novos casos. O município manteve o crescimento no número de novos óbitos até a semana epidemiológica 40. Pouso Alegre não apresentou novo pico de novos casos, porém representa grande parte dos números de casos da região.
Poços de Caldas e Pouso Alegre juntas representam quase 16% do número de casos registrados na semana epidemiológica 49 do Sul/Sudoeste de Minas.
Testagem na região
Conforme aponta a pesquisa, Poços de Caldas tem apresentado alta em número de casos nas últimas duas semanas epidemiológicas, ao mesmo tempo em que tem elevado a testagem no mesmo período. Já Pouso Alegre, tem apresentado um aumento em casos e realização de testes, porém em quantidade menor, se comparado a Poços de Caldas. O município de Varginha, por sua vez, possui números absolutos de testagem próximos de Pouso Alegre. Os dados coletados através dos boletins epidemiológicos dos municípios não discriminam a tipologia dos testes realizados, que podem ser classificados em: testes para detecção de anticorpos (teste rápido para anticorpos, sorologia ELISA, quimioluminescência) e testes para detecção de antígeno (molecular RT-PCR, teste rápido para antígeno).